Ao longo das publicações feitas aqui, vimos muito sobre letramento digital, sobre o uso das tecnologias, sobre os avanços e auxílios nas aulas, sobre as mudanças ocorridas em termos tecnológicos pós-pandemia, mas sem focar no fator inclusão e exclusão. Até que ponto esse avanço tecnológico inclui ou exclui os indivíduos? Quais as causas dessa inclusão e/ou exclusão?
Vimos que a inclusão digital não se refere apenas a ter acesso aos produtos tecnológicos e a uma internet de qualidade, mas também ser capaz de utilizar essas ferramentas em diversos contextos e de maneira adequada, utilizando todos os recursos que o ambiente virtual e os equipamentos tecnológicos podem oferecer.
E a exclusão digital? Vai muito além de apenas não possuir o melhor celular ou acesso à internet. A exclusão digital é uma exclusão de informação, de oportunidades, pois a falta de acesso aos meios de comunicação, gera indivíduos sem informação, conhecimento e cultura, sem preparo para se tornar um cidadão crítico e atuante na sociedade globalizada em que vivemos.
Vários estudos sobre este tema vêm sendo feitos, inclusive sobre o uso de tecnologias e a inclusão/exclusão na educação; tecnologia e inclusão de pessoas com deficiência; inclusão digital e aprendizagem de língua inglesa. Muitos destes estudos falam sobre as causas da exclusão nas sociedades e como são feitas as inclusões com alunos com necessidades especiais e o uso igualitário das tecnologias.
Em alguns artigos, infere-se que a exclusão digital é um reflexo dos fatores de exclusão social existentes, tais como: fatores econômicos, preconceito, mercado de trabalho, qualificação profissional, grau de escolaridade, dentre outros. Outros estudos abordam a questão da inclusão de alunos com necessidades especiais e, com base em relatos, verificou-se que o que ocorre é uma falsa inclusão, apenas inserindo esses alunos em uma sala equipada, sem verificação de aprendizagem. Outro estudo faz uma análise política sobre a oferta educacional que usa a tecnologia para promover uma igualdade de oportunidades e resultados, realizado no Reino Unido.
Três estudos, três abordagens diferentes, porém todos com a mesma conclusão: não haverá uma verdadeira inclusão digital de toda uma população enquanto houver exclusão social. Mesmo utilizando tecnologias em salas de aula, havendo aqueles mais carentes, que não conseguem pagar por isso, ainda haverá desigualdades sociais significativas e duradouras. Enquanto a única preocupação for equipar uma sala com equipamentos tecnológicos, sem se preocupar com a real necessidade do alunos portador de alguma especificidade, este não será incluído no processo. Enquanto houver fatores econômicos e marginalização envolvidos, será uma falsa inclusão digital.
Dessa maneira, nota-se que a inclusão digital é algo muito necessário no mundo globalizado em que vivemos, mas há a necessidade de se olhar para um todo maior, oferecer condições para que todos consigam ter acesso ao mínimo de informação e cultura, antes mesmo de se pensar em questões tecnológicas.
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