Já comentei em posts anteriores sobre letramento digital, seu significado, suas implicâncias e sua importância no século atual. Fala-se muito hoje em crianças e adolescentes letrados digitalmente, porém, sabe-se que o termo acaba sendo usado de maneira errônea, pois nossos jovens são seres tecnológicos, em tudo sabem mexer e são altamente conectados, mas não letrados em tecnologia, pois isto exige competências variadas, muito distante da realidade acelerada deles. E quanto aos professores, adultos e, talvez, mais preparados, será que são letrados digitalmente?
Para ser letrada digitalmente, a pessoa precisa desenvolver algumas habilidades, não apenas o saber mexer em aparelhos eletrônicos e internet. Precisa trabalhar sua criatividade, seu senso de trabalho em equipe, seu senso crítico e capacidade de selecionar informações em fontes seguras, saber analisar dados, utilizar a tecnologia para a criação de conteúdos e trabalhos, além de compartilhar trabalhos e dados. E tudo isso não são coisas fáceis de se fazer, exige muita seriedade, comprometimento e respeito. Parece tudo muito simples mas, quando paramos para pensar, refletir e analisar tudo o que está envolvido neste termo, percebemos que estamos longe de sermos considerados letrados digitalmente.
Focando em educação, para formar estudantes letrados digitalmente, precisamos de professores que saibam promover uma abordagem crítica, levando os alunos a pensarem sobre os impactos da tecnologia em suas vidas e seus futuros, além de tornarem-se cidadãos críticos e responsáveis. Porém, os professores também precisam ter todas essas características bem trabalhadas e desenvolvidas, o que é feito ao longo do tempo e acompanhando os recursos digitais em diferentes contextos culturais.
Pensando nisso, o Quadro Europeu para a Competência Digital dos Educadores (DigCompEdu) desenvolveu um framework visando descrever as competências digitais específicas do educador, propondo 22 competências elementares organizadas em 06 áreas: o uso dos recursos digitais pelos educadores para interação com os pares, pais, alunos e desenvolvimento profissional; criar e compartilhar recursos digitais para a aprendizagem; gerenciar o uso de recursos digitais; estratégias digitais para melhorar a avaliação; utilizar tecnologias digitais como estratégias de ensino e aprendizagem centradas no aluno; utilizar competências pedagógicas específicas para desenvolver competência digital nos alunos. Cada uma dessas áreas apresentam níveis de proficiência necessários para se tornar um professor letrado digitalmente, desde o recém-chegado, passando pelos níveis explorador, integrador, especialista, líder, até o nível máximo de pioneiro. Analisando cada um desses níveis, percebe-se o quanto ainda precisamos caminhar e melhorar para sermos letrados em tecnologias.
Como já disse, não é fácil, mas com dedicação, comprometimento, pensando em melhorar cada vez mais nosso desempenho profissional para auxiliar nossos colegas, alunos e toda uma equipe, compartilhando cada vez mais práticas e experiências, é possível alcançar êxito.
Tive o mesmo sentimento que você, de que, no momento de reflexão (partindo das competências e níveis de proficiência propostas pelo DigCompEdu) sobre nosso próprio letramento digital enquanto docentes, ainda precisamos avançar. Porém gosto também da sua abordagem otimista em relação a esse avanço, que com dedicação e suporte dos colegas de profissão vamos sim melhorar cada vez mais.
Sua discussão sobre comprometimento e desenvolvimento profissional, me fez pensar sobre como a prática docente é baseada na palavra perseverança. A cada dia precisamos no reinventar para melhorar a nossa ação em sala de aula, sendo desde aprender a usar uma nova ferramenta até como aplicá-la de forma crítica com os estudantes. Sendo assim, um professor letrado digitalmente está se aprimorando a cada dia, buscando melhoras suas habilidades para repassá-las aos alunos.